Um Trecho de uma crônica de Clarice Lispector

UM PINTOR

"A surpresa de ver que o pintor começa por não recear inclusive a simetria. É preciso experiência ou coragem para revalorizá-la, quando facilmente se pode imitar o "falso assimétrica", uma das originalidades mais comuns. A simetria é concentrada, concentrada. Mas não dogmática. É também hesitante, como a dos que passaram pela esperança de que duas assimetrias encontrar-se-ão na simetria. Esta como solução terceira: a síntese. Daí talvez o ar despojado, a delicadeza de coisa vivida e depois revivida, e não um certo arrojo dos que não sabem. Não é propriamente tranqüilidade o que está ali. Há uma dura luta de coisa que apesar de corrida se mantém de pé, e nas cores mais densas há uma lividez daquilo que mesmo torto está de pé. Suas cruzes são entortadas por séculos de mortificação. São altares? Pelo menos o silêncio de altar. O silêncio de portais. O esverdeamento toma um tom do que estivesse entre vida e morte, uma intensidade de crepúsculo."

Um comentário:

Alex Simões disse...

Estão de parabéns. Gostei muito da interface dos blogs. A apresentação sucinta do grupo está adequada também. Como sugestão, acoh que vocês poderiam manter o blog, alimentando-o com mais informações. Vocês podem postar links para outros sites relacionados às autoras e a eventos, como exposições e palestras sobre a vida e a obra das escritoras.